Era uma vez...

… numa noite quente e estrelada de verão, uma menininha e suas irmãs, depois do jantar, se aconchegavam na calçada quentinha junto aos pés da cadeira do Vô Lino para ouvir a história daquele dia. A imaginação corria solta junto com a história, e a voz calma e tranqüila do vovô ia ninando a pequenina até quase cair no sono e ser carregada até a cama. Lá, na cama arrumadinha para dormir, a história continuava, agora no mundo dos sonhos… Era… pura magia! Aquilo tudo, alimentava sua alma infantil, trazendo acalanto e despertando sua imaginação, permitindo que ela e somente ela, entrasse num lugar muito especial e único, repleto de imagens e arquétipos construídos através das histórias ouvidas.

Esta garotinha era eu, há bons anos atrás…

Hoje como mãe, pedagoga e psicopedagoga, estimulo e recomendo em minhas palestras e orientações a professores e pais, a importância da contação de histórias como ferramenta pedagógica e também como prática familiar terapêutica.

Através da sua atuação sutil, porém direta, as histórias agem no âmbito socioemocional das crianças, adolescentes e também dos adultos, proporcionando uma experiência única dos personagens em suas ações e tramas, e dos cenários ali narrados.

Quem de nós, já não viveu esta experiência: ler um livro e depois assistir ao filme deste mesmo livro? Via de regra, quase sempre, nos sentimos frustrados quanto às nossas expectativas, pois os nossos personagens e o ambiente da história do livro eram mais interessantes e estimulantes do que os do filme. Por que isso acontece? Porque cada um forma uma imagem única dos personagens e do ambiente onde se passa a história, quando ouvimos histórias.   Quando estamos lendo, estamos contando uma história para nós mesmos.

Hoje, toda esta tecnologia disponível e sedutora vem tomando cada vez mais o espaço essencial que deve ser ocupado pelo relacionamento humano entre as pessoas e, especialmente, entre pais, filhos e avós. Onde isso vai nos levar? Haverá espaço para cultivar a magia, a conversa, a tradição oral e a criatividade que a contação de histórias nos possibilita?

Vou deixar aqui esta indagação, para que cada um reflita o quanto estamos nos intoxicando de tecnologia, redes sociais , jogos eletrônicos e deixando de lado o que nos faz “seres humanos”  ( convivência, diálogo, experiências verdadeiras ao vivo e a cores, demonstração de carinho, afeto, contato com a natureza, imaginação, raciocínio…) O quanto estamos sedentos de tudo isso que nos faz humanos, e nem sequer percebemos mais? 

Através dos meus estudos e da minha experiência profissional, infelizmente, observo cada vez mais, crianças, adolescentes e adultos adoecendo… alguns depressivos, apáticos, sem energia; outros, ansiosos, hiperativos e agitados… Carecem de algo que alimente e nutra sua Alma Humana, que não se encontra e jamais se encontrará nas infindáveis distrações tecnológicas, cada dia mais facilmente disponíveis; dada a nossa intrínseca e imutável natureza Humana.

Desta forma, precisamos reencontrar o caminho da essência humana. Um caminho que vá ao encontro da convivência, da tradição oral, do afeto, do tempo reservado para rotinas diárias mais saudáveis, que irão trazer mais fortalecimento da nossa individualidade, convivência e cooperação e não do individualismo e da solidão. 

Contar histórias é a mais antiga forma de comunicação humana e, paradoxalmente, se transforma hoje, na mais moderna forma de convivência, comunicação e ferramenta educativo-terapêutica.

As histórias re-introduzem o que é de mais humano num ambiente dominado pelo impessoal, onde a crítica, o julgamento moral e a competição imperam e  adoecem a humanidade, cada vez mais!!!

Voltemos então a trilhar o novo velho caminho, que permitiu que as gerações anteriores fossem mental e socialmente mais sadias e harmônicas! Só depende da nossa consciência e do nosso primeiro passo em direção à vida saudável, cheia de experiências prazerosas que nos farão relembrar depois de décadas, como eu lembro ainda hoje das minhas experiências com meu avô, deitada na calçada de casa…

“…os contos são verdadeiras obras de arte. São uma grande arte que pertence ao patrimônio cultural de toda a humanidade e representam a visão do mundo, as relações entre o homem e a natureza sob as formas estéticas mais acabadas; aquelas que provocam precisamente o maravilhoso.”

Jean-Marie Gillig

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